Total de visualizações de página

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Person compra parte da SEB - ações disparam, pena que não comprei ano passado...

O SEB (Sistema Educacional Brasileiro) anunciou nesta quinta-feira (22) que acertou uma parceria com a Pearson para venda de seu sistema educacional e outros ativos em uma operação em que mais que dobra o tamanho dos negócios com educação do grupo britânico no país. A Pearson vai comprar os sistemas de ensino COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name, além de gráfica, operações de logística e o portal educacional Klick Net, e fornecerá tecnologia para as escolas do SEB que operam sob as marcas COC, Pueri Domus e Dom Bosco num contrato de sete anos. A Pearson também fará uma oferta pública de aquisição das ações do restante dos acionistas do SEB e pagará o mesmo valor ofertado aos controladores, de 22 reais por ação. Além disso, os controladores do SEB farão uma segunda oferta pública de aquisição de ações da holding Nova SEB, oferecendo um preço de 9 reais por ação para fechar o capital da empresa. Com isso, o valor total oferecido aos não controladores será de 31 reais por ação um ágio de 62,9 por cento sobre o preço registrado em 20 de julho. Os sistemas de ensino incluem apoio e treinamento de professores, impressão e materiais digitais e serviços de tecnologia. A Person estima que o mercado de material educacional do Brasil seja avaliado em 2 bilhões de dólares. A Pearson divulgou que espera que a divisão de sistemas de educação do SEB gere vendas de cerca de 160 milhões de reais em 2010 e que mantenha rápido crescimento. O SEB é 70 por cento controlada pela família Zaher. As operações de sistemas de ensino do SEB registraram crescimento orgânico médio de mais de 20 por cento e margens operacionais de cerca de 35 por cento. O acordo com a Pearson prevê uma reorganização societária do SEB, que será dividida na área de sistemas de ensino adquirida pelo grupo britânico e na área que seguirá com o restante dos ativos que incluem 31 escolas, faculdade, ensino à distância e cursos preparatórios para área jurídica. Com essa reorganização societária, a Pearson vai adquirir a totalidade do capital social de uma holding que terá 88,81 por cento do capital votante e 63,69 por cento do capital total da SEB. A Pearson também terá uma participação direta no grupo de 5,35 por cento do capital social. O grupo britânico vai pagar 613,3 milhões de reais por essas participações direta e indireta. Segundo o SEB, o preço da aquisição indireta do controle da empresa pela Pearson é de 22 reais por ação, que encerrou na quarta-feira (21) a 19,70 reais.
A expectativa é que o fechamento da operação ocorra em até 60 dias.

Enquanto isso no mercado...

Para Sérgio Werther Duque Estrada, sócio-diretor da Valormax, empresa especializada em reestruturação, fusão e aquisição de companhias e grandes grupos, o setor de ensino superior brasileiro ainda precisa amadurecer. "Nossas instituições ainda são muito empreendedoras, mas pouco empresariais e esse é um aspecto que precisa ser muito bem trabalhado se elas pretendem se consolidar internamente para depois pensarem no exterior. Não há como crescer e oferecer ensino de qualidade sem equilibrar a visão educacional com a empresarial. Essa é a competência necessária para uma instituição privada de ensino superior ter sucesso."
De qualquer forma, os grandes grupos educacionais brasileiros parecem viver um bom momento. Dados da consultoria KPMG mostram que, só no primeiro semestre de 2008, o setor de ensino superior registrou 30 aquisições, sendo o terceiro segmento no país em que mais ocorreram fusões e, perdendo apenas para os segmentos de tecnologia da informação e de alimentos e bebidas.
Detentor do único grupo brasileiro que, segundo analistas, reúne atualmente musculatura financeira capaz de romper as fronteiras brasileiras, Carbonari ( Anhanguera Educacional) mostra que ainda há muito espaço para investir no Brasil. "A educação no Brasil está em expansão, já que possuímos atualmente apenas 12% da faixa de 18 a 24 anos da população brasileira nas escolas superiores, um índice ainda muito baixo perto dos 70% a 80% registrados nos países desenvolvidos, ou mesmo em relação aos nossos vizinhos. A Bolívia, por exemplo, para surpresa de muitos, inclusive do mercado internacional, tem registrado um crescimento no número de alunos matriculados no ensino superior bem maior que o nosso."
Os planos internos da Anhanguera, que captou R$ 868 milhões em apenas duas ofertas públicas de ações, realizadas uma no ano passado e outra nesse ano, é chegar a 2012 com 120 campi e mais de 400 mil alunos. A empresa educacional adquiriu no início de julho a 48ª unidade, o Centro de Ensino Superior de Rondonópolis, mantenedor da Faculdade do Sul de Mato Grosso (Facsul).

Na Kroton, o objetivo é investir em pequenas e médias instituições de ensino que possuam de mil a quatro mil alunos em cidades que apresentam grande potencial de crescimento e conseqüente aumento do poder aquisitivo da população, tendo o Centro-Oeste como prioridade. Além das universidades Pitágoras e Faculdades de Tecnologia Ined, a Kroton adquiriu recentemente a Faculdade de Tecnologia de Londrina e a Uniminas, localizada em Uberlândia. "Temos um expertise de trabalhar em escala e de possuir bons processos de avaliação de aprendizagem. Essas são duas características que chamam a atenção principalmente dos grandes investidores e de grupos americanos", diz Walter Braga.
Há algum tempo os grupos internacionais começaram a olhar para o setor de educação superior brasileiro. O movimento começou por volta de 2001, quando a Laureate International Universities, uma das maiores redes mundiais de instituições privadas de ensino superior, chegou ao país interessada em investir no segmento. Foram três anos de estudos e de um namoro que se consolidou com a compra de 51% da Universidade Anhembi Morumbi, em 2005, e posteriormente da Universidade Potiguar do Rio Grande do Norte; da Business School São Paulo; da Escola Superior de Administração, Direito e Economia de Porto Alegre e do Centro Universitário do Norte (UniNorte), localizado no Amazonas.
Outros grupos estrangeiros também aportaram no Brasil, como a Whitney International, que controla 50% das Faculdades Jorge Amado de Salvador, e o Apollo Group, que teve participação nas Faculdades Pitágoras e agora ensaia a volta tentando adquirir o Grupo Objetivo. A DeVry University, universidade norte-americana de capital aberto, estuda a melhor forma de entrar no país.
Com toda essa movimentação recente do mercado, a possibilidade de internacionalização do setor é um assunto que está apenas começando a ser analisado, mas que deve dominar o planejamento dos grandes grupos educacionais brasileiros nos próximos anos.

Capital aberto para expandir

Outro comportamento recente das instituições de ensino superior brasileiras, e que as capitalizou o suficiente para começar a pensar no mercado internacional, é a abertura de capital. Além da Anhanguera, da Kroton e da Estácio Participações, também tem ações na Bolsa de Valores o SEB (Sistema Educacional Brasileiro), surgido há mais de 40 anos em Ribeirão Preto, mais conhecido pela marca Sistema COC de Ensino e que já adquiriu a Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte e mais recentemente o Grupo Dom Bosco. Outros grupos aguardam ou estudam o momento mais conveniente para abrir o seu capital enquanto investem na compra de outras instituições. São eles o Grupo Iuni Educacional, de Mato Grosso, o oitavo maior do país segundo o ranking da Hoper Consultoria, que além de dominar o Centro-Oeste vem abrindo frentes no Norte e no Nordeste; a Veris Educacional, que além da marca Ibmec tem em sua rede a Metrocamp de Campinas e as faculdades Evandro Lins e Silva, Inea e Uirapuru; o Grupo Anima, formado pela UNA e a Unimonte; o Grupo Unicsul, que possui quatro campi em São Paulo e comprou a UniDF, em Brasília, e o Grupo Universitário Maurício de Nassau, de Pernambuco.


Prof. Hermes Ximenes Naves